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tudo o que vou dizer, vcs ja sabem
voltamos para casa todos os dias pela tarde
sim vamos descansar
camisa jogada no tanque
geladeira aberta
abro as cortinas, vejo la fora
jornal na tv
pés descalços
nada de telefone
mas o que me assombra é o amanha aparecer
em preto e branco.
é que vc sabe eu já não sou tao novo assim
logo os dias serão longos
e eu não quero sentir tua falta
lutei contra isso o tempo todo
talvez se tivesse tido um telefonema
um sonho que tive
foi no centro da cidade
que vc me pareceu boa companhia
na vitrine joias e óculos.
alguém deitado na grama
no porto eu achei que ia conseguir uma foto
sobrou uma recordação que é livre na minha cabeça
e ela anda quando eu a quero, ou não
vc parecia sorrir, mas estava triste
parece que não queria que houvesse
nossos termos eram de amor e realidade
apenas comecei muito cedo
onde vc estava eu já tinha passado, não posso interferir
eu sempre te quis, meu protótipo
eu tive que sair de casa por outras causas, e carreguei comigo duas crianças,
é acordar e começar minha vida de onde parou,
eu deixei o meu mundo para traz, e vi chorar a criança que eu amava
eu reconheci minha filha, aha a menina que me amou, e eu fiquei sozinho
sem estrela no céu
sem chão para pisar, sem onde ir.
eu perdi a mulher que eu amava.
eu não vivo mais como antes
e no entanto
continuo o mesmo, por que sou assim
a criança que chorou cresceu
a minha filha se foi, se dissolveu no espaço
a mulher que eu amei, já me esqueceu.
.......
ela agora quer que eu a leve por ai, em algum lugar
quem sabe um shopping, uma vitrine, e um sapato novo
uma volta pela escada rolante
entre olhares vc disse que queria ver o que eu posso fazer
eu peguei teu braço e beije
surpresa por que é claro que isso ia rola
tua mãos , e um silencio dizendo
é agora que você é minha.
eu te levo pra longe de onde estamos
um banho de banheira, um serviço de quarto
e tudo acaba bem, com vc me pedindo para ama-la
e eu só quero alguém que eu possa amar quando estiver sozinho
em uma rua de um bairro, com ruas estreitas, mora uma mulher
que costura sua renda, na varanda, junto com as amigas
e quando passa o picoleseiro, elas, dão uma pausa em seus trabalhos
de cima da lage, o eletricista instala uma tomada,
ele tem que ter cuidado
um choque não é coisa boa
e de cima do monte a pipa voa assim como no campo de futibol no fim da rua
onde as pessoas se encontram para bater uma bola , soltar uma pipa.
as mulheres já tomaram seu gelado,
o eletricista teve sucesso, e a pipa voa, a bola rola.
a 120 por hora não se tem noção do que vem pela frente
estou bem com vc, mas acho que vou deixa-la
essas coisas de fugir de nos mesmo é muito particular
o risco é somente meu. a 120 por hora eu quis morrer, e se não fosse a morte me fazer ver
que não é eu que mando e sim ela. então comecei a andar mais calmo e olhar a paisagem
eu nao tinha visto, tinha alguém esperando o ônibus, na quele ponto
sera que vai para a escola, ou vai ao cinema
neri é um professor que era muito sacana,
mas queria nosso bem
neri ficava na porta do cinema anotando quem saia para depois adverti-lo
neri era responsável pela turma da noite, no colégio estadual,
sua mulher o buscava no clube, ele gostava de jogar.
naquela cidade do interior onde te conheci.
onde pensei que te conheci,
pensou que conhecia o pateta da turma e resolveu leva-lo para passear
onde pudesse por as mãos nele
onde pudesse dizer a ele, o quanto ela o não queria
e depois voltar a trás
sem nada perder,
o cara jogava na net, tinha os olhos meio vidrado
as mãos rápidas, usava uma camiseta de time japonês.
seu telefone era todo sofisticado
o aplicativo traz a foto de seu bem, em preto e branco e acores
ela vindo ela indo!
as luzes atrapalhou algumas exposições
mas tudo bem ele sabe quem ela é!
pensa que conhece bem sua tia que mora no bairro em que joga bola nos finais de semana
ela disse a ele que estaria online para poder disser o numero do sapato que quer ganhar.
ele paga a conta ele paga a divida. ele pode
ele não quer mais a gora, parece que a net não veio e ele não ficou sabendo se a noite vai ser boa ou não,
preciso dormir já são vinte e uma e vinte e um.
a pesquisa disse ao velho índio o que ele já sabia
quando olhou a janela, o índio que mora do outro lado da rua
estava com o ouvido no chão
e sem me olhar disse que sabia que tinha chegado
o índio me falou de vc,
me falou que com amor não tem pra ninguém
que sem amor fica áspero
que o silencio é a maior canção
o coração é livre, para poder escolher um caminho
que a morte nos espera a esquerda do olho
e que, fundimos com o destino
não nos da esperança de nada,
somente noção de luta, ate a morte.
o índio era morador dos matos da região dos lagos, depois dos alpes
atras das montanhas que ficam ao norte
e que vinha ate a cidade para comprar enlatados
os enlatados da casa 27, bom dia
bom dia senhor índio
senhor e senhora
passar bem
mosquitos no para-brisa
anjos em minhas orações
comentários a respeito apenas
gostaria de tomar um café
não muito forte, com corpo, dois açucares
o bruxo da velha casa,
tem algumas coisas dentro de um vidro na prateleira
as vezes ela voa,
me disseram na porta: não entre!
deixe seu sapato aqui no tapete
sente - se onde puder
solte-se.
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