..
A MAIS ANTIGA DAS ARTES lll
De Roma, Veneza e Parma, a pintura renascentista expandiu-se, no século XVI, para toda a Europa, impulsionada por talentos como os de Leonardo, Rafael e Michelangelo. A França, tradicionalmente gótica, fez evoluir a herança para uma concepção própria do retrato: o psicológico, concentrado no rosto, valorizando os traços reveladores do caráter. Nos Países-Baixos, sobretudo na Holanda, os italianos introduziram uma nova escola: o Maneirismo. O final do século XVI marcará o declínio da arte renascentista em favor do novo movimento artístico.
Os maneiristas cultivaram e alteraram — adaptando-as a seus conceitos — as formas da época de espírito, clássico da Renascença, preocupando-se mais com o movimento das figuras e a exploração do claro-escuro. Conseguiram, por esse meio, um realismo dramático, que culminaria no espírito trágico do Barroco.
Os Países-Baixos conheceram, todavia, um último rebelde que se agarra ao lirismo da natureza, tradicional na pintura nórdica: Pieter Bruegheí, o Velho. Dominada por instintos elementares e ligada às forças da natureza, sua obra manteve um estilo que é uma das mais originais expressões da arte nórdica.
Já anteriormente, artistas como Cranach haviam aderido a esse Maneirismo, alongando as suas, formas contorcidas de um gótico tardio, para fazer desabrochar o Expressionismo germânico, notável nas concepções do nú mitológico.
Ao mesmo tempo, a pintura espanhola também sofria influências alienígenas. O maior expoente dessa "invasão" é Domenikos Theotokopoulos, com suas figuras expressivamente longas, tomadas de atitudes convulsivas e retratadas em cores alteradas e sulfurosas. Trata-se da exasperação do Maneirismo, que se propaga por toda a Europa, no gran finale quinhentista. O autor dessa original pintura espanhola, toda feita de írrealismo e expressão, ficou conhecido por um apelido muito simples: El Greco
O Barroco é uma pérola; o Rococó, uma concha
Para os neoclássicos, que sucederam à época do Barroco, o termo não derivava do espanhol "barrueco" (pérola irregular) ou de "baroco" (silogismo escolástico), Era considerado sinónimo de extravagância e mau gosto. Levado às últimas consequências, o Bairoco desaguou no Rococó, cuja reputação não era melhor: era-lhe atribuído o sentido de "vida ociosa" identificada como oposição aos princípios de ordem, proporção e beleza do Renascimento, a pintura barroca caracterizou-se pelo dinamismo e movimentação das formas; violentos contrastes de sombra e luz, de assunto e intenção, de grandiosidade e preocupação pelo pormenor. Obtém, assim, efeitos expressivos que vão do patético ao suntuoso. Já o Rococó — nome derivado de "concha" (ro caille, em francês), que foi um de seus elementos característicos de decoração — expressaria o surto da economia manufaturei-ra europeia e os prenúncios da burguesia industrial. Enquanto retrata os aspectos da nobreza em decadência, espírito galante e fútil, sentimentos superficiais de mundani-dade e fantasia decorativa, a pintura torna-se leve, luminosamente colorida, elegantemente graciosa.
Como a Itália do século XVII procurava libertar-se da degenerescência causada pela crise maneirista e como os artistas permanecessem num marasmo improdutivo, um pintor realizou, sozinho, uma revolução, superando tudo o que se faria de original nos cem anos seguintes. Livrando-se do intelectualismo maneirista, obrigou a arte italiana e, conseqúentementc, a europeia, a caminhar para d Naturalismo. Num país em que só se pintavam Vénus e Madonas, Miguel Angelo Merisi, o Caravaggio, foi buscar seus modelos de santos e heróis entre os tipos humildes. Pela simplicidade grandiosa das composições e a oposição violenta de sombra e luz, obtidas graças a uma iluminação lateral, Caravaggio restituiu à pintura italiana a franqueza dos volumes. Em Roma, é seguido por toda uma escola cuja grande preocupação é o jogo de claro e escuro. Nos Países-Baixos,'a pintura flamenga, na
sua fase maneirista, que tratava as figuras humanas e os animais em proporções reduzidas, em meio a um enquadramento universal, passou a colocar formas monumentais em primeiro e segundo planos, reduzindo o fundo a simples cenário. Essas duas correntes, no Barroco, aparecem inteiramente definidas na obra de Píeter Paul Rubens. Nela há um universo de formas, percorridas pela energia da vida, que explodem em gestos e expressões. Tipicamente barroca, sua pintura são instantâneos roubados aos movimentos.
Através de pintores alemães vindos de Roma, a maneira de Caravaggio fica conhecida e influencia a pintura de Rembrandt, o maior pintor holandês, que se entrega a uma obra motivada pela Bíblia. Onde melhor se vê a evolução psicológica e pictórica de sua arte é na coleção de auto-retratos.
O século XVIII francês faz a Pintura sucumbir ao Rococó. Sua função é, agora, tornar atraente o quadro. Nas telas, o real passa a ficção romanesca, sob a influência da ópera. Watteau, Fragonard, são os artistas mais característicos desse género galante e os mais típicos de seu século de otimismo .despreocupado, gosto frívolo e sensibilidade erótica. A Itália abandona o concerto europeu e submete-se à influência do novo movimento francês. Os italianos, exceção feita a Veneza, vêem surgir brilhantes virtuosas. Os venezianos, contudo, conservam suficiente vigor e dedicam-se à beleza de sua cidade e ao encanto decadente e sensual de sua civilização. Os maiores nomes: Tiepolo e Canaletto.
O artificialismo neoclássico
Já em fins do século XVIII, surge o Neoclassicismo, como expressão das transformações sociais, em cuja origem está a Revolução Francesa. Esta escola valoriza a razão e a natureza e critica o comportamento humano. Em termos pictóricos, voltar-se-á à Antiguidade Greco-Romana, em busca de salvação e paradeiro aos desmandos da época do Rococó. Esse retorno, efetuado simultaneamente por ingleses, franceses, alemães e italianos, é resultante do interesse pelo clássico, que a descoberta de ruínas gregas e romanas despertou. Para a difusão da nova estética, muito contribuíram os estudos eruditos, entre os quais se destaca a célebre História da Arte Antiga, de Winckelmann, que dizia preferir a nobre, simples e calma grandeza da arte grega antiga à "irresponsabilidade, extravagância e impertinente fogosidade" barroca. Sob os temas mitológicos e heróicos tirados da Antiguidade Clássica e traduzidos em linguagem formal, aparece na arte neoclássica o ideal de fazer emergir uma época considerada como a origem de toda beleza e virtude.
Elegendo Rafael como modelo, os neoclássicos fazem predominar a linha e o desenho sobre a cor. E pela imitação dos antigos clássicos, cerceiam a liberdade de criação e expressão. Seu caráter formalista é pouco favorável aos assuntos pessoais e nacionais.
Louis Davíd é o mais importante pintor neoclássico. Mas é a Goya que cabem as honras de ter ultrapassado as limitações da escola, com sua arte visionária, de critica da natureza humana e da sociedade da época, e atingido já alguns dos temas da pintura romântica.
enc. conhecer abril
..