27.11.10

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Ciência
ADIFE
Descoberto que os homossexuais são mais parecidos com pessoas do sexo oposto

Vanessa Vieira

MITO GREGO DA HOMOSSEXUALIDADE - Platão  com Aristóteles: em sua obra O Banquete, uma descrição de como teria surgido o homossexualismo. No início dos t
empos, havia seres duplicados, homens ligados a mulheres, mas também homens grudados a homens e mulheres a mulheres. Zeus separou os pares — e, desde então, as duas metades se procuram para se completar.( imagens referentes ao assunto)
   A discussão sobre a nature­za da homossexualidade mobiliza a psicologia e outros campos da ciên­cia. Seria e!a determinada por fatores biológicos ou culturais? Até meados do século XX não havia muitas dúvidas sobre a questão. O homossexualismo era catalogado pela Organização Mundial de Saúde como distúrbio menta! e a cuipa quase sempre recaía sobre a educação recebida dos pais. Freud considerava a homossexualidade uma forma de retardo no desen­volvimento do indivíduo, causado por um pai ausente ou por uma mãe superprotetora. Os estudos mais recentes indicam que, embo­ra as experiências de vida possam concorrer para que alguém se tor­ne homossexual, os fatores bioló­gicos, decididamente, têm um pa­pel nesse processo. Uma pesquisa divulgada na semana passada., feita pelo Stockolm Brain lnsti-tute, do Instituto Karolinska, na Suécia, foi recebida pelo meio científico como a prova mais consistente até hoje do peso do fator biológico na homos­sexualidade. A conclusão da pesquisa mostra que o cérebro de pessoas homos­sexuais se assemelha mais ao de indiví­duos do sexo oposto do que ao de hete­rossexuais do mesmo sexo.
Na pesquisa, noventa voluntários fo­ram submetidos a exames de tomografia e ressonância magnética no cérebro. Os cientistas viram que tanto homens hete­rossexuais quanto mulheres homosse­xuais apresentam uma assimetria: o he­misfério cerebral direito é um pouco maior que o esquerdo Entre homens homosecxuais e mulheres heterossexuais. por outro lado, o volume dos dois hemisférios é equivalente. As imagens mais eloqíientes da pesquisa foram obti­das ao se observar as conexões das amígdalas cerebrais-Homens gays e mulheres heteros­sexuais apresentam mais conexões neuronais na amígdala esquerda, enquanto em lésbicas e homens heterossexuais elas predominam na amígdala direita. "É provável que essas diferenças se es­tabeleçam ainda no útero ou  muito cedo na infância", afirma a coordenadora do estudo, a sueca Ivanka Savic. A relevân­cia da pesquisa sueca è reforçada pelo fato de as imagens terem sido captadas com o cérebro dos voluntários em re­pouso, ou seja, sem o estímulo de ima­gens sugestivas ou de tarefas mentais a ser realizadas, como ocorre na maioria dos trabalhos desse tipo.
Estudos anteriores já haviam de­monstrado similaridades entre homosse­xuais e heterossexuais do sexo oposto. Homens homossexuais e mulheres hete­rossexuais têm. estatisticamente, desem­penho inferior em tarefas de orientação e navegação. Essa função é processada primariamente pelo lobo parietal direito., mais desenvolvido nos homens do que nas mulheres. Por outro lado, mulheres heterossexuais e homens homossexuais costumam sobressair nos testes verbais, o que pode ser explicado pela maior si­metria dos circuitos da linguagem no cé­rebro feminino. Ou seja. elas utilizam os dois lados do cérebro para executar uma tarefa que os homens concentram apenas no hemisfério esquerdo. As pesquisas que chegaram a essas conclusões, no en­tanto, não tinham como afirmar se as di­ferentes formas de reagir dos cérebros homo e heterossexual se deviam a razões biológicas ou resultavam da aprendiza­gem. O estudo do Instituto Karolinska joga a favor da primeira alternativa.
Pesquisas que atribuem origens bio-lóeicas ao homossexualismo costumamcausar controvérsia entre pessoas que se relacionam com o mesmo sexo. Parte da comunidade gay avalia que elas são positivas porque mostram que o ho­mossexualismo é uma característica inata, tanto quanto a cor dos olhos, e, portanto, algo natural. Mas há quem entenda que essas pesquisas podem le­var à conclusão de que o homossexua­lismo é uma anomalia, uma doença he­reditária. Os que partilham dessa opi­nião temem que se instale â eugenia sexual, com tentativas de intervir nos embriões para prevenir o nascimento de homossexuais. Até os anos 60, os homossexuais eram submetidos a terrí­veis tratamentos, que incluíam de cho­ques elétricos a transplante de testícu­los. Só nos anos 70 eles puderam co­meçar a reivindicar a plena aceitação pela sociedade. Os avanços sociais con­seguidos ficam claros em acontecimen­tos como o da semana passada na Cali­fórnia, quando se celebraram centenas de casamentos gays, na esteira de uma lei estadual que oficializou a união en­tre pessoas do mesmo sexo. Entre os noivos estava até o ator George Takei, celebrizado como o Capitão Suiu do se­riado Jornada nas Estrelas.
Desde a Grécia antiga se procuram explicações para o homossexualismo. Em sua obra O Banquete, escrita no sé­culo ÍV a.C, Platão atribui ao drama­turgo Aristófanes a narrativa que se segue. No início dos tempos, as criatu­ras eram duplicadas. Havia homens gru­dados a homens, mulheres a mulheres e homens a mulheres. Essas criaturas se voltaram contra os deuses e tenta­ram escalar até o céu para investir con­tra eles. Zeus reagiu e, para enfraque­cer as criaturas, partiu-as ao meio. Desde então, cada um dos seres humanos bus­ca sua metade. As metades andróginas se complementam num casal formado por homem e mulher. As mulheres re­sultantes da criatura feminina buscam outras mulheres e o mesmo acontece com os homens resultantes de uma criatura masculina. Ao comentar a si­tuação dos homens que se apaixonam por outros homens, Aristófanes diz: Não é por despudor que o fazem, mas por audácia, porque acolhem o que !hes é semelhante"; Mais de dois mil anos depois, com menos poesia, cabe à ciên­cia explicar o homossexualismo.       
Com reportagem de farolins ftomaniní
25 de junho. 2008    veja
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