28.11.10

..



    Sob o olhar de um mecânico,

Edison ouve a própria voz reproduzida  pelo  seu primeiro  

fonógrafo




        Certo dia de 1877, em Nova Iorque, um homem chega à oficina de um mecânico e pede para que este lhe construa um aparelho. ) mecânico pergunta para que serve. "Se estou certo, isso falará", respondeu o cliente. O mecânico sorriu. O homem o desafiou para uma aposta:   perdendo, pagaria um caixote de maçãs, já que não tinha dinheiro; ganhando, receberia dois dólares.
Quando a máquina ficou pronta, reproduziu claramente os versos de uma canção: "Mary had a little lamb, /Its fleece was as white as snow..." (Maria tinha um cordeirínho, /Sua lã era tão branca como a neve. . .)• O homem ganhou os dois dólares. Era Thomas Alva Edison. Inventara o fonógrafo.
Edison vinha observando que as ondas sonoras causadas pela vibração dos objetos faziam, por sua vez, vibrar o ar, propagando-se em todas as direções. Assim, gravá-las implicava em resolver dois problemas. Primeiro: fazer um corpo elástico oscilar exatamente de acordo com as vibrações de uma fonte sonora; segundo: fixar tais vibrações, para reproduzi-las. O corpo elástico — pensou — deveria ser uma membrana como o nosso tímpano.
Daí chegou à solução — ao primeiro fonógrafo —, que era assim; na ponta de um funil, havia uma membrana de mica (diafragma) que vibrava ao ser atingida por ondas sonoras; o diafragma estava em contato com uma pequena ponta de aço, apoiada sobre um rolo coberto com uma folha de estanho. Quando se falava diante do funil, o som fazia vibrar o diafragma; este transmitia as vibrações à ponta de aço. A agulha, erguendo-se e baixando, traçava um sulco mais ou menos profundo — segundo a intensidade sonora — sobre o rolo que girava, movendo-se também para um lado.
Como resultado, Edison obtinha um sutil sulco em espiral — que reproduzia o som. Para repeti-lo, fazia com que uma agulha metálica percorresse o sulco da superfície do tambor. A agulha, oscilando, fazia vibrar a membrana, que reproduzia o  som original.


Surge o disco

O aparelho de Edison tinha defeitos: reprodução pouco fiel, volume de som muito baixo. Além disso, o estanho não podia ser usado muitas vezes, pois o sulco logo ficava gasto. Ainda mais: não permitia cópias. Contudo, o aparelho foi usado sem aperfeiçoa­mentos até 1885, quando Alexandre Graham Bell c Charles Summer Taintér substituíram o estanho por papel encerado, que podia ser removido com facilidade.
Logo depois, em 1887, Emilio Berliner construiu um aparelho que ficou conhecido por gramofone, onde trocara o tambor por um disco em que o sulco se formava em espiral, de fora para dentro. Mas como EdisOn retinha os direitos de gravação com sulcos e Bel!-Tainter os da impressão com cera, Berliner foi forçado a pro­curar nova solução, encontrando-a num disco de zinco recoberto de uma fina camada de cera. Na gravação, a agulha sulcava a cera, registrando as vibrações. Isto feito, aplicava-se um ácido que atacava só o metal; assim, na parte onde a agulha retirara a cera, ficava uma estria. Por fim, removia-se a cera toda e o disco estava pronto. Só era possível fabricar um disco por vez, até que Berliner conseguiu fazer um molde, recobrindo o original com um metal mais duro. Dessa matriz, em negativo, obtinha várias cópias com um material, que aquecido ficava mole e, ao esfriar, endurecia. A princípio esse material foi a borracha. Depois, em 1897, o acetato de celulose, de enorme aplicação até 1948.


Muito progresso e muitos defeitos

Enquanto Berliner realizava suas experiências, ocorria, em 1890, outra inovação importante: mecanismos de corda nos aparelhos de cilindro de Edison e de Bell-Tainter. O próprio Berliner apresentou um novo tipo de gramofone de baixo preço — conseguido com a colaboração do mecânico Eldridge Johnson. Em 1896, seu aparelho era vendido por todos os Estados Unidos e produziam-se discos aos milhares. Essas gravações eram mecânicas ou acústicas — feitas por meio do poder mecânico das ondas sonoras; a reprodução era feita da mesma forma, mecanicamente.
Apesar do grande interesse que despertou, a verdade é que ainda nos começos do século XX a reprodução era falha — estridente e barulhenta, com uma gama limitada de tons, dependendo da inten­sidade da fala, do canto ou do instrumento de música. Não se conhecia ainda qualquer processo de controle do volume acústico do disco. Não era possível aumentá-lo nem diminuí-lo. Também não se podia regular a velocidade de rotação. Além disso, era im­possível gravar peças musicais executadas por orquestras ou grupos numerosos de músicos ou cantores, pois cada executante deveria cantar ou tocar perto da boca de uma espécie de corneta, que captava a energia dos sons.
Gravação elétrica: o pick-up
Sensível progresso verificeu-se em 1925: a primeira gravação elé­trica — com o pick-up. Pouco antes, haviam surgido o amplificador de válvula e o rádio; as válvulas transformavam pequenas correntes elétricas em correntes de muito maior intensidade, já havia micro­fones, capazes de transformar ondas sonoras em correntes ou im­pulsos elétricos. Os alto-falantes, de maior potência que os micro­fones, transformavam por sua vez os impulsos elétricos nos sons originais. Desde então, fabricados de acordo com o novo sistema, os discos passaram a reproduzir o som com maior naturalidade; até os sons mais fracos, emitidos de pontos distantes, eram captados por microfones e amplificados elètricamcnte; assim, já era possível usar orquestras e coros.
O pick-up prestou excelentes serviços até 1940, quando foi supe­rado pelo sistema da cápsula piezelétrica, que se baseia na qualidade que têm algumas substâncias cristalinas (quartzo, turmalina, etc.) de produzir correntes elétricas muito fracas, quando submetidas a torção. A reprodução funciona assim: uma agulha de safira está sujeita a um suporte, no qual está fixada, do lado oposto, uma lâmina de cristal piezelétríco (quartzo). A agulha, seguindo o sulco do disco, sofre vibrações imperceptíveis que provocam a torção da lâmina, criando nela correntes elétricas. Visto que foram fixados à lâmina os dois terminais de um circuito elétrico, a corrente começa a circular e é proporcional às torções que o cristal sofre por meio da agulha; essa corrente, amplificada, faz funcionar o alto-falante que emite os sons. Este é o mecanismo de quase todas as vitrolas modernas.

Novos aperfeiçoamentos
A necessidade de reproduções mais perfeitas fêz com que apare­cesse em seguida a cápsula de relutância variável — que funciona por indução magnética. Em gera], o aparelho com pick-up de relutância é mais  caro,  mas  apresenta   melhores  características  de  reprodução.
Um moderno sistema de alta fidelidade reproduz com perfeição sons com frequências superiores a 15.000 ciclos por segundo — que muitas pessoas nem chegam a ouvir. Para se ter uma ideia do que isso representa saiba que num disco de 33 rotações por minuto — ou seja, de pouco mais de meia rotação por segundo — quase 10 cm são percorridos por segundo ao longo de toda a trilha sonora. Nesses 10 cm, há 15.000 ondulações (15,000 ciclos por segundo). Isto sig­nifica uma distância de 6 milésimos de milímetro, ou 6 micra, entre uma ondulação e outra. Assim, apesar de suas dimensões pequenas, um disco atual se conserva perfeito por bastante tempo e só depois de muito usado é que começa a apresentar defeitos.
O som nos filmes
Para reproduzir o som nos filmes o sistema usado é diferente. Aproveita-se a transparência do filme na região da trilha sonora. A luz de uma lâmpada bem focalizada, que incide sobre o filme, consegue atravessá-lo de acordo com os sons gravados e, depois, cai sobre uma célula fotelétrica, que funciona como pick-up.


enc.  conhecer abril
..
       

  DISCO AUDIO 
    
A primeira máquina de reproduzir sons, chamada de fonógrafo, foi inventada por Thomas Alva Edison em 1877. O fonógrafo fun­cionava "marcando" os sulcos de um papel coberto de parafina com uma agulha de aço. O papel foi substituído um ano depois,   por folhas de estanho. Em 1886, as primeiras gravações musicais fo­ram postas à venda, e já estavam registradas em cilindro de cera. O gramofone, com discos achatados, foi inventado por E. Berliner em 1888.


..



..