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Os tortuosos caminhos do conhecimento
A razão da estagnação da medicina medieval foi o completo desconhecimento da química e da biologia e a ausência de qualquer critério de observação científica. Sua medicina baseava-se na autoridade dos "antigos", especialmente Galeno, médico helénico do século II. Dotado de um certo talento, esse autor deixara mais de cem volumes, onde se misturavam observações próprias, listas de tratamentos tradicionais e conceituações dogmáticas.
O conhecimento dos gregos clássicos sobre as ciências biológicas não chegara à Europa, pois as invasões de Alexandre Magno haviam-no isolado em Alexandria, de onde se transferira para a Síria. Ali se fundaram academias e traduziram-se textos alexandrinos e gregos. Mesclada às experiências químicas dos sacerdotes egípcios, a ciência grega colaborou no desenvolvimento da alquimia síria até fins do século V, quando, por motivos religiosos, os estudiosos foram expulsos, as bibliotecas queimadas e as academias fechadas. Alguns sábios remanescentes se refugiaram na Pérsia e continuaram precariamente seus estudos até o século VII, quando caíram sob o domínio dos árabes em expansão.
Os maometanos tomaram numerosos sábios sírios e persas sob sua proteção c nessas novas condições foram estruturando-se as primeiras bases da química c da farmacologia, ainda confundidas com o misticismo e a astrologia. Com isso, Bagdad teve a primazia de instalar a primeira farmácia pública (776), e os árabes efetuaram a separação da medicina e da farmacologia como ciências complementares, porém distintas.
Quando os sarracenos se estabeleceram na Península Ibérica, sua cultura passou a penetrar na Europa, e com ela o legado greco-asiático de que eram depositários. As universidades árabes, como a de Córdoba, foram centros importantíssimos de difusão alquímica...
Enc. Conhecer/ abril
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