..
DOCUMENTÁRIO N.° 248
0 primeiro pente que o homem usou foi a mão.
A ideia do pente deve, então, ter aparecido muito cedo, desde quando nossos ancestrais experimentaram o desejo de ajeitar ob longos cabelos e, as mulheres, o de se tornarem atraentes.
Mediante espinhos de certos vegetais, como a acácia espinhosa, com ossos de peixes,
depois com madeira, chifres e, mais tarde, com cobre e ferro, o homem inventou um
instrumento que iria ser, no futuro, o pente real e próprio.
Nas turfeiras da Dinamarca, nas cidades lacustres da Suíça e da Itália, encontraram-se pentes rudimentares, que remontam à idade da pedra ou à mais antiga idade romana. Eram mais altos do que largos, como ainda os usam certas tribos da América, África e da Ásia. Os dentes, onde se conservaram, apresentam-se grosseiramente entalhados, ralos, muito distantes uns dos outros. A empunhadura é graciosamente ornamentada, nas maneiras mais diversas.
Quase todos os pentes pré-históricos se acham finamente decorados e apresentam tamanha segurança de entalhe, mesmo na rude forma primitiva, circular ou semicircular, que poderiam satisfazer plenamente as exigências do gosto moderno.
Não é improvável que a forma e decoração exprimam algum supersticioso segredo. Algumas formas absolutamente estranhas, certamente, eram destinadas a significar que, além de sua ordinária tarefa de ajeitar a cabeleira, o pequeno objeto possuía um outro, simbólico-religioso. Certos pentes, fabricados de maneira a poderem ser aplicados nos cabelos, serviam não só de motivo ornamental, mas também como amuletos.
Os espinhos vegetais eram fixados, primordialmente, entre duas varinhas de madeira, achatadas, mantidas juntas por uma ligadura, que separava um dente de outro. Com o progresso da civilização, os pentes passaram a ser fabricados com lâminas de metal, habilmente cortadas, ou de madeira e chifre. E, com eles, nasceu a arte do penteado. O nosso pente espesso, com dupla fileira de dentes, lembra perfeitamente a forma daqueles que se vêem nos museus assírios e egípcios. Vamos encontrar o uso do pente na época miocê-nica, na Assíria, no Egito, na Grécia. Em Roma, usavam-se, também, pentes de bolso, que eram de dimensões reduzidas, pois podiam ser guardados numa espécie de manga-bainha, artisticamente decorada.
Na Ática, e até nas ruínas de Tróia, foram encontrados pentes elegantes, pouco diferentes dos nossos, e de rara riqueza. Todavia, nem Roma, nem a Grécia, nem os Egípcios e tampouco os Etruscos criaram verdadeiros pentes para adornar o cabelo das mulheres ou para firmá-los; eles tinham pequenas lâminas de ouro ou de outro metal qualquer, com as quais cingiam a cabeça ou, então, usavam coroas, que imitavam folhas de louro ou de oliveira.
O pente romano foi longamente usado: era uma espécie de triângulo, graciosamente ornamentado na parte da empunhadura e facilmente raanejável. Quando o luxo do Império aumentou, os Romanos aplicaram, nos pentes, ricos desenhos, preciosas incrustações e incisões, em madeira ou marfim, que aumentaram o valor do objeto que se costumava presentear. A parte mediana dos pentes, com duas fileiras de dentes, era finamente trabalhada, em relevo ou perfuração, com figuras de caráter mitológico ou alusivas à pessoa a quem o pente era doado. Outros pentes representavam as Graças se enfeitando, Cupidos, pombas e outras figuras. Pedras preciosas e encaixes coloridos ajuntaram-se aos pentes de cobre das requintadas damas do Império. Com o advento do Cristianismo, coroa, palmas e cruzes eram reproduzidas nos pentes de madeira ou de marfim.
No século XII, quando as longas tranças eram enfeitadas com laços, surgiu um pente, semelhante àqueles usados hoje, para prender os cabelos, em coroas de marfim e metal, e que se colocava atrás da cabeça para prender os laços.
Na Idade Média, usavam-se, como ornamento, pentes de chumbo, que serviam para atenuar a cor muito viva dos cabelos louros ou ruivos das mulheres.
A palavra pente deriva do latim pecten. Os naturalistas deram o nome de Pente (Pecten jacobeus) a uma belíssima concha, entalhada exatamente como um pente, com valvas desiguais, sulcadas com ranhuras e raios. A valva superior é achatada, lisa, ao passo que a inferior é convexa. Esse tipo de concha abunda nos mares da Europa meridional.
Famosos são também os pentes com que as mulheres espanholas, especialmente as de Sevilha, usam adornar seus negros e brilhantes cabelos. Os pentes e os pentinhos modernos são quase sempre fabricados de matéria plástica.
Atualmente, a produção dos pentes está industrializada e segue o sabor da moda, em material leve, em plástico, e também de alumínio, práticos, elegantes e baratos. Hábeis artesãos, servindo-se de máquinas tornadas perfeitas devido a contínuas inovações, produzem étimos pentes com matérias caras e raras, como carapaça de tartaruga, chifre,, marfim e metais preciosos. Era geral, trata-se de trabalhos de artesãos, com relativos segredos profissionais, transmitidos de pais a filhos, e possuem selecionada clientela. 0 pente de valor é incrustado de pedras preciosas, recoberto, na parte superior, com lâminas de ouro ou de prata, finamente cinzelado ou esmaltado.
Enc. Conhecer/ abril
..