..
matematica
A noção de número tem provavelmente a idade do homem e certamente sempre esteve ligada à sua necessidade de registrar e interpretar os fenómenos que o cercavam.
Os primeiros símbolos numéricos conhecidos surgiram com o intuito de representar a variação numérica em conjuntos com poucos elementos.
Com a ampliação e a diversificação de suas atividades, o homem sentiu a necessidade de criar novos símbolos numéricos e processos de contagem e desenvolver sistemas de numeração.
A maioria dos sistemas de numeração tinha como base os números 5 ou 10, numa clara referência ao número de dedos que temos nas mãos. Esses sistemas ainda não possuíam a notação posicionai nem o número zero.
Os primeiros registros da utilização da notação posicionai ocorreram na Babilónia, por volta de 2500 a.C. Já o aparecimento de um símbolo específico para a representação do zero data do século IX e é atribuído aos hindus.
Também atribui-se aos hindus o atual sistema de numeração posicionai decimal, que foi introduzido e difundido na Europa pelos árabes. Por essa razão, esse sistema é costumeiramente chamado de sistema de numeração indo-arábico.
Deve-se a Leonardo de Pisa f 1175-1240), também chamado de Fibonacci, a difusão do sistema indo-arábico na Europa, através de sua obra LiberAbacci, de 1202.
DO PAPIRO AS FUNÇÕES DE 1° GRAU
O surgimento do conceito de função de 1 ° grau está diretameníe ligado à evolução histórica dos processos de solução, da formalização e da representação gráfica de equações de 1° grau.
Os primeiros registros de resoluções de equações de 1 ° grau são encontrados na civilização egípcia e constam do papiro de Ahmés, de aproximadamente 2 000 a.C.
Também são dessa época processos de resolução de equações e de sistemas de 1 ° grau, encontrados na civilização babilónica.
Entre os gregos, que davam ao estudo das equações um tratamento geométrico, destacam-se os trabalhos de Diofanto de Alexandria (300 d.C). Ele formulou métodos de solução de equações de 1 ° grau, com uma ou duas incógnitas, e de sistemas de equações de 1o grau.
Nos séculos VI e VII, entre os matemáticos hindus, encontram-se indicações de regras para resolver problemas de 1 ° grau, especialmente nos trabalhos de Aryabhata e Brahmagupta.
Entre os séculos IX e XII, os matemáticos árabes deram um impulso decisivo na solução de problemas algébricos. As técnicas algébricas desenvolvidas pelos árabes influenciaram sobremaneira os matemáticos europeus da Idade Média. Entre estes déstacou-se também Fibonacci, que apresenta, em sua obra LiberAbacci, soluções para equações determinadas e indeterminadas de 1o grau, entre outros trabalhos.
Após a sistematização da notação algébrica, encontramos na obra de René Descartes (1596-1650) a representação gráfica da equação ax + by + c = 0 por intermédio de uma reta.
A EVOLUÇÃO DAS FUNÇÕES DE 2° GRAU
A função de 2° grau tem sua evolução associada ao desenvolvimento da resolução e representação gráfica das equações do 2° grau.
Por voita de 2 000 a.C, os egípcios e babilónios apresentavam soluções para diversos tipos de equações de 2o grau, aproximando-se bastante de processos algébricos que ainda hoje são utilizados.
Euclides, em 300 a.C, registrou na sua obra Os Elementos processos geométricos de soluções de algumas equações de 2o grau, já desenvolvidas por volta de 500 a.C. peios pitagóricos.
Na primeira metade do século IV, Diofanto de Alexandria, por muitos considerado o "pai da Álgebra", apresentou, em Arithméiica, soluções algébricas para diversos tipos de equações de 2o grau.
Entre os árabes, já no século IX, podemos destacar Al-Khowarismi, que em sua obra Al-Jabr, da qual deriva o nome "Álgebra", expõe processos de resolução de equações, especialmente as de 2o grau. Também os hindus Brahmagupta (século VII) e Bhaskara (século XII) desenvolveram processos de resolução de equações de 2° grau.
No século XVII, o matemático francês François Viète, a quem devemos grande parte da generalização da notação aigébrica atual, notabiíizou-se pelo desenvolvimento de métodos de resolução de equações quadráticas.
O formato atual (expressão literal igualada a zero) é devido a Thomas Harrioí (1560-1621), e a representação gráfica dessa equação é encontrada nos trabalhos de Descartes.
DE POTÊNCIA EM POTÊNCIA...
Os primeiros registros de cálculos utilizando potências são encontrados em tabelas babilónicas, que remontam a, aproximadamente, 1000 a.C. Tais tabelas eram utilizadas para a resolução de problemas específicos e continham, em geral, 10 potências sucessivas de um mesmo número.
O vocábulo potência vem de uma palavra grega que os pitagóricos empregavam para designar um número elevado ao quadrado.
No século III da era cristã, Diofante de Alexandria, em sua obra Arithmética, apresentou a utilização de abreviações específicas para potências, bem como a aplicação de algumas regras de operações e nomes especiais para potências com expoentes negativos.
A generalização do conceito de potência deve-se, no entanto, ao bispo francês Nicole Oresme que, no século XIV, incluiu em seus trabalhos potências com expoentes racionais e irracionais, além de uma sistematização das regras de operações com potências.
Devem-se a Nicolas Chuquet, no século XV, as primeiras utilizações de potências com expoente zero e a representação de expressões algébricas que envolviam potências.
Finalmente, no século XVII, René Descartes passou a empregar a notação de potência na forma hoje' utilizada.
A CRIAÇÃO DOS LOGARITMOS
o início do século XVII, a astronomia, o comércio e a navegação atingiram um estágio de desenvolvimento que exigia cálculos aritméticos cada vez mais complicados. Por essa razão, havia um grande interesse em se obter processos mais rápidos e precisos em cálculos envolvendo multiplicações, divisões, potências e raízes.
O matemático escocês John Napier criou um método de cálculo através do qual é possível realizar operações complexas utilizando operações mais simples: a esse método Napier denominou logaritmo, tendo publicado as primeiras tabelas de logaritmos em 1614.
Desconhecendo o trabalho de Napier, o matemático suíço Jobst Bilrgi obteve um método semelhante, baseado nos mesmos princípios, mas divulgado somente em 1620.
A ideia de logaritmo foi aceita imediatamente por alguns dos principais matemáticos da época, entre eles o inglês Henry Briggs.
Após reconhecer a importância do trabalho de Napier, Briggs publicou em 1624 novas tabelas de logaritmos, de utilização mais simples no sistema decimal.
Desde a época de sua criação até o surgimento das calculadoras e computadores, os logaritmos constituíram-se numa poderosa "ferramenta" de cálculo e foram decisivos para o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.
Apesar de as calculadoras e os computadores terem tornado os logaritmos obsoletos para cálculos, seu estudo é de fundamental importância, pois eles estão estreitamente relacionados a leis matemáticas que descrevem alguns importantes fenómenos naturais.
ROMPENDO FRONTEIRAS COM A TRIGONOMETRIA
O termo trigonometria deriva das palavras gregas trigono (três ângulos) e metria (medida).
Os primeiros trabalhos elementares envolvendo conceitos trigonométricos foram desenvolvidos pelos babilónios e antigos egípcios, que realizavam estudos e cálculos relativos a fenómenos astronómicos e geográficos, como a determinação de eclipses, fases da lua, distâncias inacessíveis e rotas de navegação. Deve-se também aos babilónios a divisão da circunferência, ainda hoje em uso, em graus, minutos e segundos.
Encontramos também entre os gregos trabalhos ligados à astronomia em que aparecem conceitos trigonométricos, como, por exemplo, a expressão:
encontrada no trabalho denominado Das grandezas e das distâncias ao Sol e à Lua, de Aristarco de Samos (310 a 250 a.C).
Pode-se atribuir a Hiparco de Nicéia (século II a.C), por muitos considerado o "pai da astronomia", o estabelecimento das bases da trigonometria. Deve-se a ele, por exemplo, a construção das primeiras tabelas trigonométricas.
Posteriormente, Cláudio Ptolomeu (85 a 165 d.C.) ampliou o trabalho de Hiparco com sua obra Sintaxe matemática, na qual apresenta um tratado sobre trigonomeria.
UM TESOURO MATEMÁTICO NASCIDO COM A ASTRONOMIA
A ilustração mostra Pto-lomeu utilizando um instrumento de medida astronómica .denominado quadrante.
Até o século XIII, os trabalhos sobre trigonometria continuaram diretamente ligados à astronomia.
Entre os árabes, destacam-se as contribuições de Abulwafa (940-998), do observatório de Bagdá, que construiu tábuas de senos e tangentes, com relativa precisão. Os árabes também traduziram os treze livros que compunham a obra de Ptolomeu e, por sua importância, deram a ela o nome de Almagesto, que em árabe significa "o maior" ou "o magnífico". Deve-se a Nasír Edin (1201-1274) o primeiro estudo árabe que dá à trigonometria um tratamento independente.
Também no século XIII, o italiano Leonardo "Fibonacci" (1175-1240) escreveu Practica Geometriae (1220), onde desenvolveu importantes aplicações de trigonometria, que aprendera em seus contatos com árabes e hindus.
No século XV, o astrónomo austríaco George von Peurbach (1423-1461) iniciou uma tradução para o latim do Almagesto de Ptolomeu, que mais tarde foi complementada por seu discípulo Johan Muller (1436-1476), conhecido pelo nome Regiomontanus, que escreveu De Tnangulus Omnomodis (1464), considerada como a primeira obra europeia que trata a trigonometria independente da astronomia.
Georg Joachim Rhaeticus (1514-1576), que foi aluno de Nicolau Copérnico, publicou em 1551 um tratado com uma introdução trigonométrica, na qual aparecem pela primeira vez juntas as seis razões trigonométricas, além de tabelas de senos, tangentes e secantes.
O nome trigonometria foi usado peia primeira vez por Bartolomeu Pitiscus (1561 -1613), em seu livro Thesaurus Mathematicus, para designar a ciência da resolução de triângulos.
Enc. Conhecer/ abril
..