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Governos de toda forma
Nenhum povo pode prescindir de organização política, ou seja, de métodos ou sistemas que controlem e dirijam o comportamento dos grupos humanos. O órgão encarregado de aplicar esses métodos cm cada região onde viva um povo chama-se governo.
A história, a cultura, a moral, até mesmo a geografia variam: não permanecem iguais para todos os povos da Terra. E os governos, em forma, em métodos e em organização, também variam. Estudá-los e classificá-los já foi uma preocupação dos gregos da Antiguidade. A classificação mais conhecida das formas de governo foi feita por Aristóteles. Segundo ele, há as formas puras e as impuras. As puras são: monarquia, governo de um só; aristocracia, ou governo de vários; democracia, governo do povo. E ainda segundo Aristóteles as formas impuras seriam deturpações das formas puras. Quando o governo é de um só mas não visa ao interesse geral e sim ao particular, do governante, a monarquia vira tirania. Quando o governo está nas mãos de uma minoria privilegiada (governo de vários) mas é exercido em benefício dessa minoria e não do povo cm geral, a aristocracia transforma-se em oligarquia. E, finalmente, quando o poder está nas mãos do povo mas este, descontente e revoltado, domina diretamente os governantes, implantando um regime de terror e violência, acontece a demagogia, forma corrupta da democracia.
Por muito tempo a classificação de Aristótelcs foi aceita; e muitas vezes discutida. Numa classificação moderna, Rodolphc Leun define as formas de governo quanto à origem, à organização e ao exercício.
Quanto à origem, os governos podem ser democráticos ou populares e de dominação. São democráticos ou populares aqueles em que o poder "emana do povo”, é o povo que governa, diretamente, ou por meio de representantes. Governos de dominação são os que não dão o poder ao povo. Atribuem-no a entidades sobrenaturais (teocracias) ou a um indivíduo que acredita merccè-lo por "direito divino" ou simplesmente por tê-lo conquistado, de uma forma ou de outra. Sem representar o povo nem trabalhar por ele, o governante age por direito e vontade próprios: é uma autocracia.
Quanto à organização, existem os governos de fato e os de direito. Se a ocupação dos postos supremos se fez pela força ou por golpe de Estado, se o governante ou governantes não assumiram o poder pelos meios legais e normais prescritos pela Constituição do Hstado, há governo de fato. A tendência dos governos de fato, no entanto, é transformarem-se cm governos de direito. Como? Consolidando-se, sendo reconhecidos pelos demais Estados, restabelecendo a ordem e a normalidade na vida jurídica e política da nação. A organização dos governos de direito pode ser feita com base na hereditariedade, como acontece nas mo narquias, ou mediante eleições, como se dá nas democracias.
Quanto ao exercício do poder, serão absolutos os governos que não obedecerem a nenhuma constituição, a nenhuma norma jurídica. E serão constitucionais os que exercerem o poder de acordo com uma constituição ou leis estabelecidas.
Os bandos e as tribos
No princípio dos tempos, o homem vivia em bandos: várias famílias que andavam de lá para cá, no meio das matas, à procura de alimentos para sobreviver, de víveres e água. Quando os recursos naturais da região esgotavam-se, partiam novamente: eram nómades. Aos poucos, foi aumentando a capacidade do homem para desenvolver e aproveitar os meios naturais, até que ele já não precisa abandonar as terras, pois aprendeu a fazè-las produzirem por longo tempo: 05 primeiros grupos sedentários começam a aparecer. Fixados em determinada região, os bandos iam crescendo e acabavam por se dividir: metade partia em conquista de terras vizinhas, formando alí novo agrupamento humano. Não havia necessidade, ainda, de organização política formal, nesse tipo de sociedade. A chefia dos bandos encontrava-se em mãos de poucos indivíduos, reconhecidos como líderes c sem cuja aprovação nada se podia fazer.
Do crescimento dos bandos e de sua multiplicação surgiram as primeiras tribos. No começo também cias não determinaram a necessidade de organização política para controlar a vida de seus membros. Mas á medida que uma tribo começava a obter bens além dos necessários à sua sobrevivência, a situação ia mudando. Nem todos precisavam dedicar-se ao trabalho de obtenção dos víveres. Parte da tribo poderia, daí por diante, especializar-se cm outras funções: controle do grupo, supervisão c direção da sociedade. Surgem os chefes, os guerreiros e os sacerdotes, com poderes governamentais. Os chefes, por questão de prestígio, recebem presentes dos súditos, sob a forma de víveres. Aos poucos esses presentes entram para a tradição e acabam-se tornando tributos obrigatórios, que serão armazenados para servirem ao povo nas horas de necessidade. Seriam os "impostos" da época. O tempo passa e essas sociedades simples vão-se tornando mais complexas. Surgem com isso novos elementos na organização política das tribos, que constituem, então, cada qual um Estado. Lima classe de guerreiros começa a se esboçar em torno c a serviço dos chefes; criam-se os exércitos.
Na Grécia,surge a democracia
A antiga organização política da Grécia legendária pode ser considerada uma evolução da empregada nas primitivas tribos. O chefe de uma tribo tornava-se mais forte que o das demais, seu exército era mais numeroso c valente. Com isso, ele dominava todas as tribos vizinhas, e já não era mais chefe e sim rei. Já não existiam mais tribos, mas sim monarquias. É o que acontece nas chamadas "cidades-estado" da Grécia, como .Atenas e Esparta. Durante o século VIII a.C., as monarquias gregas transformam-se em oligarquias.
No século VI a.C. estabelece-se a primeira democracia grega, na cidade de Atenas. Mas essa palavra ainda não tinha o sentido que lhe é atribuído hoje. Todos os cidadãos de Atenas, com exceção dos escravos e estrangeiros, possuíam por herança o privilégio de participar do governo. Este se compunha dos Demos, da Assembleia, do Conselho dos Quinhentos e das Cortes. Os Demos (bairros, distritos) constituíam as unidades de governo locais. Tinham como função registrar como cidadãos os indivíduos de mais de dezoito anos e apresentar uma lista de candidatos aos cargos por intermédio dos quais se exerceria o governo central, físses candidatos eram escolhidos por sorteio. A Assembleia era composta por todos os cidadãos de Atenas que tivessem mais de vinte anos. Reunia-se dez vezes por ano e em sessões extraordinárias. Sua função era elaborar as leis. O Conselho dos Quinhentos, escolhido pelos Demos, centralizava o trabalho prático do governo. Seu poder dependia da Assembleia, que deliberava sobre os conselhos que èle propunha. As Cortes exerciam controle sobre os funcionários e sobre as próprias leis. Podiam contestar decisões da Assembleia ou do Conselho, bem como julgar e condenar uma lei, como se fosse uma pessoa. Eram compostas de 6 mil cidadãos, escolhidos por sorteio entre os nomes enviados peíos Demos.
Em Roma, a República
A antiga República Romana, criada no século VI a.C, não se compunha de cidades-estado mas de um conjunto que, em certa época, ultrapassou as fronteiras nacionais. O governo de Roma caracterizava-se pelo equilíbrio entre três poderes: Senado, magistrados e povo. O Senado constituía o mais importante órgão do governo. Era composto de trezentos membros pertencentes à aristocracia e tinha como funções aconselhar os magistrados, cuidar dos assuntos religiosos, das finanças, da política externa e da administração das províncias. Os magistrados, aconselhados pelo Senado, propunham leis que eram votadas pelo povo nas Assembleias (covriiia ceiituriata e comitia tributa). Alas nos séculos 111 c II a.C, com a conquista do Mediterrâneo, o equilíbrio político em Roma foi abalado. O século I a.C. foi a época da grande crise do regime republicano: deu-se não apenas a liquidação da República com a ditadura de César como também o o advento de um novo regime, o Império. Este, depois de conhecer o apogeu no século II d.C, entrou em fase de decadência até a sua dissolução.
O feudalismo
A organização política feudal baseava-se na economia agrícola e caracterizava-se pela dependência entre vassalo e suserano, ou seja, pela vassalagem. Com as invasões dos árabes, normandos e húngaros, houve tal necessidade de proteção que todo homem lívre procurou ligar-se a um rei ou a um grande proprietário rural, tornando-se seu vassalo. Como pagamento ao homem que se unisse a èle, o rei dava-lhe uma parte de seus domínios para seu lívre usufruto. O vassalo do rei (um nobre, quase sempre), por sua vez, entregava partes da terra ganha a seus próprios vassalos. Daí a multiplicidade de pequenos domínios territoriais, ou seja, de feudos. O rei, a princípio, encorajava o sistema, que lhe facilitava as funções de administrador. A expansão dos feudos e do feudalismo, no entanto, ia diminuindo cada vez mais o poder real. Eram os senhores feudais que faziam os regulamentos de polícia, controlavam o mercado e. as pontes, e até a elaboração das leis estava em suas mãos. O rei passara a ter apenas uma função "figurativa": o Estado transformara-se num conjunto de pequenos Estados.
Absolutismo, reação ao feudalismo
Lutando contra o poder dos senhores feudais, os reis conseguiram, gradativamente
recuperar o poder, tomando a seu serviço soldados mercenários. Perdendo sua torça, os senhores feudais passaram a ser cortesãos do rei. Seus títulos e regalias passaram a depender, então, exclusivamente dos humores do monarea. Não só os senhores feudais, mas toda a população passa a ser submetida a um único governante. Como reação ao feudalismo e desejando ver consolidado seu poder, o rei trabalha para que seu poder seja ilimitado. Torna-se senhor absoluto, inaugura uma nova fase na história da política europeia: o absolutismo. A frase de Luís XIV, da França, "o Estado sou eu", é a expressão mais pura do absolutismo.
Regimes constitucionais
Um governo de regime constitucional (que se rege por uma constituição) pode ser presidencialista ou parlamentarista, e admite a monarquia ou a república como formas de governo. A escolha de uma ou outra dessas formas vai depender da força dos diversos grupos da sociedade. No parlamentarismo o Poder Executivo é exercido por um primeiro-ministro apoiado nos representantes do povo que participam da Assembleia. Na Inglaterra de hoje (monarquia parlamentar), o partido que elege a maioria da Câmara dos Comuns impõe seu líder como primeiro-ministro. O povo vota, não num presidente, mas num partido. No presidencialismo, o Poder Executivo é centralizado por um indivíduo, eleito pelo povo, diretamente ou pelos representantes.
enc. conhecer abril
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