2.3.09

Constelaçao Zodiacal

..

A Constelaçao

Para nós, o sol é um globo de gás incandescente, em redor do qual, segundo as leis de Kleper, gira a Terra; para os antigos, ele era a mais alta divindade, o deus Sol, com seu coche puxado por esplêndidos e fogosos ginetes, ao passo que a Via Láctea era a esteira traçada pelas rodas, na abóbada celeste. Para nós, as estrelas representam sóis distantes de que, por meio da análise espectral e das leis de radiação, conhecemos o porvir e o fim. Para os homens primitivos, elas eram heróis e heroínas, deuses e deusas. Algumas das fábulas que lêem as crianças não passam de antiquíssimas lendas, mais ou menos transformadas, do reino estelar. Quem não se lembra do Chapeuzinho Vermelho e do Lobo Mau? Também eles fazem parte de uma velha fábula dos povos nórdicos. Chapeuzinho Vermelho é o sol hibernal, deslizante sob o horizonte e devorado pelo Lobo, que se oculta nos medonhos bosques rembertos de gelo. Trans­pira, da lenda, a fria, longa e tenebrosa noite polar. Uma outra graciosa fábula nos fala do lobo e dos sete cabritinhos; ela é encontrada no mundo todo, embora apresentada em centenas de formas diferentes. Os sete cabritinhos são o pequeno e gracioso grupo de estreias da constelação do Touro; às vezes, a Lua delas se aproxima e, ocultando-as, devora-as. Várias lendas, entre outros povos, referem-se a esse fato: para os Gregos, as Píêiades eram sete meninas (filhas de Atlas) perseguidas por Orion, o atrevido caçador selvagem. Júpiter, o pai dos deuses, intervinha, afinal, levando as gra­ciosas meninas Plêiades para um céu onde, ainda hoje, o selvagem Orion as olha de lado.
Os nomes das constelações remontam aos antigos Gregos, mas, sem dúvida, já desde milhares de anos, os Caldeus, os Babilónios e os Chineses tinham dado nomes distintos às estrelas, segundo a concepção que eles tinha.m do Universo. Muita coisa ficou perdida entre as vicissitudes dos povos, mas o céu dos deuses, na Grécia, é suficiente para demonstrar como, muito tempo antes da existência de uma ciência estelar, a maravilhosa abóbada celeste já comovia profundamente o coração e o cérebro dos homens. E" uma velha crença relata que mártires e heróis "vao para o céu"; não só, mas ali permanecem na qualidade de luminosas constelações. A abóbada celeste se transforma num campo pontilhado de sublimes figuras: ali, combate o soberbo caçador Orion, trans­portado para o céu, porque libertava os homens dos animais ferozes. Cintilam seu cinto e suas armas, o cão o segue (Sírius, a estrela mais brilhante), ao passo que o Touro selvagem lhe vai ao encontro ferozmente. Quem observa a constelação de Orion terá, certamente, a impressão de um homem em movimento. A mais conhecida constelação do céu nórdico é o Grande Carro ou a Ursa Maior. Para os velhos Germânicos, era o Carro de Votã, o mais poderoso dos deuses.
Para melhor distingui-las, cada estrela de uma conste­lação está assinalada, nos mapas, com letras do alfabeto grego; a mais luminosa é designada pela primeira letra: "alfa"; a que lhe segue em esplendor, com a segunda: "beta", e assim por diante. As estrelas mais importantes visíveis na Europa possuem. nomes particulares, e aqui citaremos somente os mais conhecidos, aqueles que se não podem abso­lutamente ignorar. Alcion, estrela das Plêiades; Aldebarã, estrela do Touro; Antares, estrela do Escorpião; Altair, estrela da Águia; Benetnash, estrela da Ursa Maior; Castor, estrela dos Gémeos; Deneb, estrela do Cisne; Polar, estrela da Ursa Menor; Pólux, estrela dos Gémeos; Sírius, estrela do Cão Maior; Schedir, estrela de Cassiopeia; Zuben Elschemali, estrela da Balança.
Algumas denominações, como a de Castor e Pólux, para as estrelas principais dos Gémeos, derivam da mitologia grega; outras, como Schedir, Aldebarã, Zuben Elschemali são de origem árabe (IX e X séculos). Enquanto, no Ocidente, a astronomia era algo abandonada, no Oriente, era tida em grande conta, mas muitos dos antigos nomes já desapare­ceram. A estrela Polar era denominada, pelos Germanqs do Norte, "Nordhurstjarna", isto é, indicadora do Norte; as três estrelas da cintura de Orion, "Friggjarokr", ou seja, "roca de fiar de Frigga".

Para orientar-se facilmente pelo céu, são úteis as cartas giratórias ou "planisférios", reguláveis para cada hora do ano e que permitem estabelecer, com uma certa exatidão, o nascer e o ocaso dos astros. Há cem anos atrás, todo agri­cultor conhecia as constelações, e os velhos calendários davam amplas explicações sobre o céu; infelizmente, também esses preciosos auxiliares acabaram desaparecendo.
Para identificar as estrelas e as constelações, é neces­sário, antes de tudo, guardar bem na mente? aprendendo a localizar, no céu, aquelas constelações que são sempre visíveis, isto é, chamadas "estrelas circumpolares". Elas esião todas não muito distantes do pólo celeste, isto é, da estrela polar; se, do ponto em que nos encontramos, olharmos para o norte ã meia altura, entre o horizonte e o zénite, devemos encontrar a bem conhecida indicadora do Norte. Partindo, agora, deste astro, procuremos identificar as constelações. Também pes­soas que não possuem muita intimidade com a deusa Urânia (a Musa da Astronomia e da Geometria) localizarão logo o Grande Carro ou Ursa Maior. No mapa, as estrelas principais desta constelação se acham ligadas por meio de linhas, e disso resulta uma figura característica, que cada qual poderá guardar na memória e reconhecê-la no firmamento. Para cada constelação, podemos imaginar as estrelas ligadas entre si: a figura assim delineada simplifica bastante a busca. Encontrado, pois, o Grande Carro, podemos proceder à busca do Pequeno Carro, também chamado Ursa Menor. Esta constelação possui figura semelhante à do Grande Carro, somente que aqui o timão está voltado em sentido oposto. Imaginemos, agora, prolongar a linha que liga as duas estrelas que representam as duas rodas traseiras do Grande Carro (que chamaremos de "alfa" e "beta", como na figura) por um comprimento que mede cinco vezes o espaço que separa ambas as estrelas; naquele ponto, a linha encontrará a estrela polar, que é a estrela principal da Ursa Menor. Observado um momento o mapa, encontram-se logo estas duas constelações e temos, assim, a base para novas orientações. Especial atenção merecem as constelações do Zodíaco. O Zodíaco é a faixa ou zona celeste, de 18° de largura, dividida em 12 partes iguais de 30° cada uma, configuradas por 12 imagens de uso antiquíssimo, conhecidas sob os nomes de: ARIES, TOURO, GÉMEOS, CÂNCER, LEÃO, VIRGEM, BALANÇA, ESCORPIÃO, SAGITÁRIO, CAPRICÓRNIO, AQUÁRIO e PEIXES. Estes signos zodiacais não possuem o mesmo significado das constelações zodiacais: são termos fora de uso, com que o astrónomo nada tem que ver. Em tempos remotíssimos, os Babilónios e seus predecessores deno­minavam as constelações do curso do Sol e isso tinha profundo significado, porque compreendia também o culto das estrelas e a astrologia. Segundo pesquisas efetuadas, as imagens do zodíaco chegadas até nós remontam aos tempos dos astrónomos gregos dos séculos VI e V a. C; parece-nos que, anterior­mente, elas tinham outros signos. Schneider, em seu livro "Progressos na Cultura da Humanidade", conta que os primeiros traços do Zodíaco se encontravam em Babilónia, no ano 2700 a. C; sobre o sinete de Parah, reconhece-se o Touro, ao qual está unido um Escorpião, e o Leão ali aparece com chifres. Os signos são explicados pelo autor na seguinte forma: o Touro, ferido pelo Escorpião, indica o ano que está declinando; o Leão, com a força e plenitude de vida, que os chifres tornam mais acentuadas, simboliza o verão. Em seguida, sempre segundo Sehneider, acrescenta-se o Sagitário, "o assassino do herói solar", como sinal do outono, e os Gémeos, irmãos do Sol como símbolo da primavera. Naqueles dias distantes, os signos e as constelações concordavam. Por causa de lentíssimas mudanças na posição do globo terrestre, a respeito de estrelas distantes, variam os pontos de inter­secção do equador celeste com a eclíptica, variando, assim também, a posição do equinócio de primavera e do outono e solstício de verão e de inverno. O Sol, nos diversos meses do ano, não mais se encontra nas constelações em que se achava quando os Babilónios criaram seu zodíaco. Esses sinais não possuem, hoje, mais nenhuma importância, têm significado somente para a astrobiologia; em consequência, as datas assinaladas nos prospectos zodiacais são apenas aproximativas. Como todos devem saber, hoje, graças à habilidade de alguns espertos, os símbolos e os signos do zodíaco encontram larga aceitação.
Retornemos às constelações do Zodíaco. A faixa zodiacal corta o equador celeste em dois pontos opostos (equinócios). Esta estrada, ou zona, que é o trajeto anual do Sol, é deno­minada linha eclíptica, porque basta que a Lua ali se encontre e que ocupe um lugar em sua órbita — que a atravessa — para que ocorra um eclipse. Observemos, então, o movimento do astro diurno: em 21 de março, ele se encontra no equinócio de outuno, ali onde o equador celeste e a eclíptica se cruzam na constelação dos Peixes. Em fins de abril, o Sol se acha ao centro da vizinha constelação do Zodíaco, em Aries; era fins de maio, no Touro, enquanto, em 21 de junho, atinge os Gémeos. Inicia-se o inverno no sentido astronómico, porque o Sol se encontra em sua mínima altura sobre o equador e esta volta no giro solar se chama "solstício". Depois disso, sobe novamente, atravessando, em julho e agosto, as conste­lações dos Gémeos, do Câncer e do Leão, para atingir, em 23 de setembro, o equador celeste na constelação da Virgem. É o equinócio de primavera. Nos meses de outubro e novem­bro, o sol abaixa-se sempre mais sob o plano do equador, passando pelas constelações da Virgem, da Balança e do Escorpião, atingindo, em 21 de dezembro, na constelação do Sagitário, seu ponto mais alto; temos, assim, o segundo "solstício" e começa o verão. O astro se apressa, agora, em ir ao encontro da primavera para alcançar, em seguida, a altura do equador celeste na constelação dos Peixes. Poder-se-á verificar facilmente tal percurso anual do Sol, acompanhando-o nos mapas astronómicos; na verdade, ele nada mais é do que o reflexo da rotação terrestre em redor do poderoso astro de fogo.

As principais constelações, por grupos, são estas:
1.°) — Região polar boreal. Ursa Menor, Cassiopeia, Girafa, Ursa Maior, Dragão e Cefeu.
2.°) — Região boreal média. Ándrôrneda, Triângulo, Perseu, Cocheiro, Gémeos, Lince, Câncer, Leão Menor, Cabe­leira de Berenice, Cães de Caça, Boieiro, Coroa Boreal;, Hércules, Lira, Raposa Menor, Flecha, Cisne e Lagarto.
3.°) — Região equatorial. Peixes, Baleia, Carneiro (Aries), Touro, Eridano, Orion, Unicóisaio, Cão. Menor, Hidra, Sextante, Leão, Virgem, Balança, Seípente, Ofiúco, Escudo de Sobiesky, Águia, Delfim, Cavalo Menor, Aquário e Pégaso.
4.°) — Região austral média. Fénix, Escultor, Forno, Buril, Lebre, Pomba, Cão Maior, Navio, Popa, Querena, Velas, Bússola, Máquina Pneumática, Taça, Corvo, Centauro, Compasso, Esquadro, Lobo, Escorpião, Sagitário, Telescópio Austral, Capricórnio, Microscópio, Peixe Austral, Indiano e Grou.
5.°) — Região polar austral. Tocano, Hidra Macho, Retículo, Dourada, Cavalete, Peixe-Voador, Camaleão, Cruz do Sul (o muito nosso Cruzeiro do Sul), Mosca, Triângulo Austral, Pássaro Indiano, Altar, Pavão e Gitante.

Enc. Conhecer/ abril
..